19 de mar. de 2019

Palestra enaltece pesquisas sobre o rio Criciúma

O curso de Geografia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) oportunizou um espaço ao Comitê da Bacia do Rio Urussanga alusivo ao Dia Mundial da Água. Na tarde do dia 14 de março, a técnica em recursos hídricos da Associação de Proteção da Bacia Hidrográfica do rio Araranguá (AGUAR), Dra. Rose Maria Adami, conduziu a palestra “Estudo do Rio Criciúma na Paisagem Urbana: da ruptura à Revitalização”.

A ação foi prestigiada por alunos e professores do curso. Na ocasião, Rose Adami apresentou os trabalhos científicos (projetos de pesquisas, artigos científicos e a elaboração de um livro) que desenvolve desde 2002 sobre o rio Criciúma, rio urbano que corta a cidade de mesmo nome, e a bacia hidrográfica em que está inserido. Nestes 17 anos de pesquisa a identificação de alguns pontos apresenta a história natural e de ocupação da bacia do rio Criciúma. 


CONCLUSÕES DA PESQUISA
De acordo com Rose, o primeiro entendimento refere-se à área central do município de Criciúma e mostra a propensão natural para inundações. “As próprias características da bacia hidrográfica contribuem para agravar ou prolongar as inundações, como a declividade acentuada, o tipo de canal e a forma da bacia. Associados a estas características naturais soma-se a influência do clima, a impermeabilização do solo, o desmatamento e a canalização do rio principal e seus afluentes, ausência de vegetação e a ocupação irregular, que influenciam na ocorrência de inundações no fundo do vale”, explicou.

Outro elemento importante que essas pesquisas possibilitaram foi a identificação dos processos de apropriação do rio Criciúma e seus afluentes pelos grupos sociais em três períodos. “No primeiro Período (1880 a 1930) a apropriação dos rios da bacia ocorreu pelas pequenas indústrias manufatureiras e das margens pela agricultura, pecuária, serviços e comércio. No segundo período (1930 a 1960), a apropriação dos rios ocorreu pelas empresas de mineração para lançamento de efluentes e as margens para depósito de rejeito de carvão; e pela população em geral para lançamento de esgotos domésticos e resíduos sólidos. No terceiro período (1960 aos dias atuais), os rios e suas margens foram apropriadas pelas empresas da construção civil para verticalização das construções e pela população em geral para edificações”, pontuou.

Em trabalhos recentes sobre revitalização de rios urbanos, Rose Adami salienta que existe uma tendência mundial crescente em diversos países, inclusive no Brasil, em integrar seus cursos d’água para que sejam incorporados à paisagem urbana. No Brasil, Estados como São Paulo e Minas Gerais, já incorporaram essa tendência, por meio da renaturalização e revitalização de seus rios urbanos. No entanto, a revitalização de rios e córregos em meio urbano, todavia, é um assunto que desafia os gestores públicos e provoca muitos debates.

“Para que os rios urbanos possam voltar a ter condições de vida no seu ambiente, o desafio é despertar nos gestores públicos e na própria população o interesse de integrar os cursos d’água à paisagem urbana, uma vez que esses dois segmentos da sociedade são de suma importância, para que o processo de revitalização dos rios realmente aconteça. Aos gestores públicos também cabe o interesse de implantar a coleta e tratamento de esgotos domésticos e industriais nos rios urbanos, enquanto ação político-administrativa, juntamente com as empresas de saneamento contratadas pelas prefeituras, para despoluição e recuperação da qualidade da água, redução do mau cheiro e de problemas de saúde da população. A ideia da revitalização do rio Criciúma ou de parte dele ainda é um sonho a ser realizado, porque enquanto vários países europeus e alguns estados brasileiros revitalizam seus rios e os integram à paisagem urbana, o município gasta milhões para recobri-los”, finalizou.


Texto/colaboração: Jornalista Eliana Maccari/Rose Maria Adami

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